quarta-feira, 27 de novembro de 2013

EPI’S DE MOTOCICLISTAS

                 Hoje eu resolvi escrever alguma coisa da minha experiência com equipamento de proteção individual (EPI) de motociclistas. O termo EPI é mais empregado nas empresas e são fornecidos aos seus empregados para execução de tarefas rotineiras que por vezes são perigosos. Alguns equipamentos exigem treinamento para seu uso correto, outros são simples mas que exigem o mínimo de atenção no seu uso.
                O uso incorreto do EPI pode levar a lesões graves ou até mesmo a morte do usuário. Por exemplo, um cinto tipo paraquedista corretamente colocado mas indevidamente ancorado pode levar o usuário a morte. Uso de capacete sem a jugular pode fazer com que o capacete seja arremessado expondo a cabeça do usuário ao segundo impacto.



                  Mas, uma máxima em treinamentos é que nenhum EPI evita acidentes, mas minimiza seus efeitos se devidamente usado.mente
                 Em São Luís (MA), o clima é bem definido: tem época que chove todo dia ou dia todo, e outra época, mais longa, que não chove nada, absoluta nada! O que favorece passeios agradáveis de motocicletas, mas como temperatura é quente, mesmo quando chove. Isso faz com que os motociclistas, principalmente de motocicletas de baixa cilindrada, não se preocupe em se proteger dos agentes externos.
                Os motociclistas tem uma lista de EPI, a começar pelo capacete. No mercado há dezenas de modelo, com preço variando de 60 a 3.000 reais, ou mais. Todos precisam ter um selo do INMETRO e, teoricamente, todos que tem o selo foram aprovados e oferecem proteção a cabeça do motociclista. O problema é que alguns motociclista usam de modo errado. A começar pela remoção da viseira, uns por motivo estético e outros por incômodo, principalmente quando apresentam muitos riscos. Outra vez, o capacete está apenas colocado na cabeça, sem estar devidamente afivelado pela jugular. Às vezes, vejo motociclistas com capacete apenas cobrindo a parte superior da cabeça, sem ao menos baixar até a altura do queixo. O pior é ver o motociclistas com o capacete no cotovelo, apenas colocando quando está próximo de uma blitz.
                A viseira é fundamental proteger os olhos de impactos do vento, de insetos pequenos e grandes. É preciso manter a viseira sempre limpa e sem riscos, trocando a viseira antes de perder a visibilidade. Sem isso, o prazer de pilotar uma motocicleta, seja uma 125 cc ou uma 750 cc, pode se transformar numa ida indesejável ao oftalmologista, isso se não perder a visão instantaneamente. A maioria dos fabricantes de capacetes, já prevendo a fragilidade a riscos, vendem viseiras avulsas.
                Eu uso dois modelos de capacetes, ambos articulados, pois facilitam o pôr-e-tirar para quem usa óculos. Um dos modelos, tem dupla viseira: uma clara e outra escura. Não são capacetes caros. O modelo mais simples custa na faixa de 160 reais e o modelo com dupla viseira custa na faixa de 360 reais. Recomendo ambos, pois oferecem boa proteção a cabeça do motociclista. Quando ao fator ruído do vento, não são excepcionais, mas costumo usar protetores auriculares em viagens mais longas, e isso até meus colegas que tem capacetes de 1.500 a 3.000 reais usam, pois o ruído do vento em alta velocidade é perturbador.
Capacetes articulados de viseria simples e dupla


Protetores auriculares

                Outro EPI que é negligenciado pelos motociclistas de baixa cilindrada da minha cidade é a jaqueta. O ideal seria que fosse de couro bovino ou outro animal de mesmo porte. Os motociclistas de média e alta cilindrada se protegem melhor. Mas, cair de 125 cc e de 1.000 cc a 100 km/h tem o mesmo efeito. Um macacão de couro custa entre 1.500 a 4.500 reais, o que afasta de vez os motociclistas de baixa cilindrada de utilizar este equipamento. Eu mesmo não tenho macacão de couro. Nem tanto pelo preço pois com cartão de crédito poderia pegar ao menos um modelo de 1.500 reais, em 10 x sem juros, mas pelo fato do macacão de couro ser pesado e pouco ventilado. Uso então uma jaqueta e calça de cordura(*) tipo Summer, com furos de ventilação e proteções nos ombros, nos cotovelos, nos joelhos, nos quadris e na cervical. Pesam 1/3 do similiar em couro, além do conjunto custar 800 reais, também pagáveis em 10 x sem juros.

(*) Cordura é um tecido sintético desenvolvido pela DuPont

                Além da proteção contra queda a jaqueta e a calça protegem contra o Sol e impactos de pedriscos e areias lançadas por outros veículos e de insetos voadores. Há motociclistas que pegam a estrada com camiseta e bermuda, e nos pés, chinelos havaianas. Com isso se colocam em riscos e desconfortos que podem estragar um bom passeio de moto. Quando volto de uma viagem, fico impressionado com a quantidade de insetos na viseira dos capacete e na bolha da moto. A jaqueta e calça ficam cheios de insetos e algumas são vespas. Imagine uma vespa grudada na pele lançando seu ferrão na hora derradeira da morte...
                      Quanto ao macacão, houve uma discussão entre colegas sobre qual melhor tipo: uma ou duas peças. Os que defendem o macacão de uma peça, enfatiza a segurança em caso de queda, pois minimiza a possibilidade da peça superior expor o corpo a abrasão no asfalto. Os que defendem o macacão de duas peças, enaltece o conforto e a facilidade de remover a parte de cima facilmente em áreas de descanso e usar os sanitários com mais facilidade. Tirar um macacão de uma peça no momento do aperto biológico pode ser uma questão de sorte ou treino não ter que lavar as botas. Em ambos, é recomendado o uso de segunda pele, senão para tirar o macacão terá que contar com ajuda externa.

Macacões de couro de uma e duas peças e conjunto jaqueta/calca de cordura modelo summer
            
Conjunto segunda pele

                Outro EPI importante são as luvas. Não é raro sentir que um pedrisco ou inseto um pouco maior se chocou nas mãos. Sem as luvas a dor seria insuportável e até poderia tirar a atenção no motociclista. Além de oferecer proteção nas mãos em caso de queda e abrasão no asfalto. Não vamos nos esquecer do Sol que também podem detonar as mãos e ficar com aquele aspecto esquisito de estar usando luvas. O ideal são luvas com proteção nas falanges, mas uma boa luva de couro oferece boa proteção contra quedas, abrasão, impactos e Sol.

Luvas de couro com proteção metacarpal

                E por fim, os calçados. Eu uso calçados reforçados e não botas especificas para motociclista. Novamente, o fator conforto pesou na hora de comprar. Mas, não querendo ser detalhista, um par de botas de motociclista combina melhor com macacão de couro do que um par calçado reforçado ou um par de tênis. A jaqueta e a calça Summer combina melhor com calçados reforçados.
                
Calcado reforçados tipo bota-tênis

                Alguém poderá me questionar se um impermeável ou capa de chuva também não seriam EPIs. Acho que sim, é também um EPI, mas acho que é mais prudente e se puder, logicamente, andar ou pilotar uma moto com o tempo bom e pista seca. Porém, mais do usar impermeáveis, se precisar andar na chuva, siga a regra de diminuir a velocidade em até 30% do usual, recobrando a atenção nas curvas molhadas e nas poças d’aguas que podem esconder bueiros sem tampas e buracos mais profundos. Os macacões e jaquetas e calcas, bem como os calçados oferecem um pouco impermeabilidade, mas em caso de chuvas torrenciais provavelmente vai molhar até os ossos. Ai, o mais importante é não molhar a carteira com dinheiro e documentos.

Os EPIs estão à disposição nas lojas a preços variados. Procure por um bom produto e não por produto barato, mas também fique atento para não comprar algo muito caro que agrega apenas valores estéticos ou de marca. Somente o capacete é obrigatório e seu uso pode ser negligenciado como já foi abordado neste artigo. Mas, proteger outras partes do corpo é igualmente importante para que possamos ter vida longa e próspera, como dizem os Vulcanos, mesmo sobre uma motocicleta.

domingo, 24 de novembro de 2013

BOLHA PUIG PARA KAWASAKI Z750
PRIMEIRA AVALIAÇÃO
Nota: as velocidades citadas no artigo não correspondem as velocidades reais. São apenas proporcionais, para não induzir os leitores a ultrapassarem às velocidades máximas permitidas nas rodovias federais, estaduais e muncipais.

Minha bolha chegou no começo da semana, dia 19/11. Comprei no Brasil e paguei 700 reais, e mais frete de 40 reais via PAC. Pensei em comprar via Ebay, na Itália e estava 160 dolares mais o frete de 52 dólares. Fazendo as contas, parece vantajoso comprar no exterior. Um colega comprou uma bolha na Itália, uma semana antes de mim. O dela ainda não chegou em casa. Está no Brasil, mas retido na alfândega, no Porto de Paranaguá com previsão de liberação entre 15 a 4 dias! O meu chegou em 9 dias.
Bom, ele pode ter ainda que pagar 60% de taxa de importação sobre o valor da mercadoria e do frete, dependendo do humor do agente alfandegário. Mesmo assim, ficaria 212 dolares, mais taxa de importação cheia (com frete) ficaria em 339,20 dolares algo em torno de 780 reais. Se não tiver a taxação vai sair por uns 487,60 reis. Vantajoso? Sim e não, como já escrevi anteriormente, eu já estou com minha bolha, e vou pagar em 10 vezes sem juros no cartão. O dele, pagou tudo a vista. A taxa, se houver, vai ser a vista também.


 Bolha PUIG e alforge magnético pequeno

Negócios a parte, vamos a primeira avaliação da bolha Puig para Kawasaki Z750.
INSTALAÇÃO: muito simples. Eu mesmo instalei em 10 minutos. Removi dois parafusos do guidão, e coloquei os novos com encostos e a placa de suporte da bolha.

Detalhe do suporte da bolha e alforge magnético pequeno

NA ESTRADA: peguei a rodovia (parte BR e parte MA) duas vezes. No sábado fui só, e no domingo fui com dois amigos, um numa Fireblade e outro numa Z800. O trajeto até uma cidade próxima é de aproximadamente 95 km. Sem a bolha, minha velocidade de cruzeiro ficava em torno dos 70 a 80 km/h, podendo chegar a 115 km/h excepcionalmente, pelas próprias características da minha moto: uma naked e não uma superesportiva. Ou seja, em alta velocidade, sentia dores nos braços e pescoço e isso tirava a sensação de segurança e me fazia andar em velocidades mais baixas. Mas com a bolha, senti mais segurança e andei em velocidade mais alta sem sentir desconforto do vento empurrando meu corpo e minha cabeça para trás. Ou seja, mesmo em alta velocidade não senti dores ou cansaço.
PROTEÇÃO: realmente há uma redução acentuada no impacto do vento em velocidade acima de 60 km/h. Segundo o ensaio por computador do fabricante, a 150 km/h num piloto de 1,80 m (eu tenho 1,72 m e 68 kg) a bolha tira cerca de 6,9 kg do corpo e 1,9 kg do capacete. A redução ocorre no corpo e no capacete, mas na posição normal (sem se inclinar), houve um aumento na turbulência no capacete com aqueles ruídos de pancadas no visor, sem balanço. Utilizei protetores auriculares e melhorou muito o conforto, pois atenuou o ruído de pancadas em alta velocidade. Eu ficava com dor nos braços se mantivesse velocidade acima de 100 km por longo período, fazendo com que ficasse na faixa dos 70 a 80 km/h enquanto meus amigos iam a 100 a 105 km/h. Com a bolha, nos dois dias que viajei em velocidade de 100 a 105 km/h não senti dor nos braços e no pescoço. Em um trecho longo mantive 115 km/h por uns 5 km sem sentir desconforto, durante pouco mais de 1 minuto.
VELOCIDADE: não senti que houve aumento de velocidade, pois mantive a mesma média de velocidade. Nem posso dizer se atingi as velocidades em menos a tempo, pois não tenho como cronometrar. Atingi velocidade máxima de 118,5 km/h, mas isso fazia sem a bolha. O que fiz foi andar em velocidade mais alta que fazia normalmente por causa da proteção proporcionada pela bolha.
FRENAGEM: este quesito ficou comprometido. É sensível a perda de freio aerodinâmico com o corpo. Senti que usei mais os freios que o normal, pois me acostumei a aproximar dos carros e curvas numa certa velocidade e usar o corpo como freio aerodinâmico conseguindo uma boa redução na velocidade ao me erguer na moto. Este efeito ficou reduzido e senti que tive que usar mais os freios das motos do que nos passeios anteriores. Acho que isso é normal e os freios da moto foram projetadas para suportar esta pequena sobrecarga de trabalho. Deve encurtar um pouco a vida das pastilhas e dos pneus, mas nada preocupante.
CONSUMO: a primeira medição foi 17,7 km/l, mas atribuo isso ao trânsito na rodovia e não a bolha, pois tive que andar em velocidade abaixo dos 80 km/h. Na segunda medição, o consumo foi de 13,2 km/l, e atribuo isso a presença da bolha que fez com que eu mantivesse velocidades mais altas do que o normal, graças a bolha. Como não sentia dor nos braços e pescoço, mantive velocidade acima do usual. Ou seja, a bolha pode fazer com que aumente o consumo de combustível pois permite rodar em alta velocidade por mais tempo.
ESTÉTICA: na minha opinião, a estética ficou melhor (ver fotos). Sentia falta de algo na frente da minha moto. Agora, a sensação é que ela ficou mais robusta e mais harmônica. Mas, isso pode ser subjetivo. Optei pela marca PUIG pois ter detalhes que a GIVI, a RMA e uma nacional não têm, e reparei que as motos da MotoGP se utilizam desta marca (PUIG). Resolvi investir e não optei pelo de menor custo. Mas, acredito que bolha nacional (160 reais) pode ter os mesmos efeitos sobre a moto.
Estética melhorada com a bolha




sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O QUE VENDE MAIS? MOTO NA VITRINE OU NA RUA?

Como não tenho muita coisa para contar sobre minha moto, resolvi escrever este texto por causa de um amigo que tem uma Fireblade 2011 e queria trocar por um Yamaha R1 2014.
Recentemente abriu na cidade (São Luís-MA) uma nova concessionária de motos Yamaha, a segunda, que trouxe como diferencial as motos de alto desempenho juntos com as motos populares (125 a 600cc).
Na inauguração foi uma festa. Enfileiraram R1, Tenerè 1200, V-Max e as conhecidas XJ6 (N e F) e XT 660. Vi meu amigo Luciano namorando a R1. Sabe? Aquele olhar de apaixonado, de quem tem olhado muitas imagens na Internet e vídeos no Youtube...

Yamaha YZF-R1 - Motor crossplane, 182 cv@12.500 rpm, 11,8 kgf.m@10.000 rpm

Ele foi a loja três semanas depois e quis fazer negócio com a sua Fireblade. Ofereceram 35.000 reis quando na tabela FIPE custa 45.000 reais. Ele aceitaria 40.000 reais pois sempre tem a faixa de lucro do vendedor de moto usada. Ele tentou negociar e a concessionária foi irredutível.

Honda CBr 1000 RR Fireblade: Motor flat, 178,1 cv@12.000 rpm, 11,4 kgf.m@8.500 rpm

Quando liguei pra ele para pegar o número do irmão que trabalha na mesma concessionária, ele desfiou o rosário. Então me veio a seguinte questão: o que vende mais? Uma moto na vitrine de uma concessionária ou na rua, na mão de um aficcionado?
                Recentemente, uma concessionaria de outra cidade veio para vender motos aqui em São Luís e colocaram para vender vários vendedores. Apenas um deles era aficcionado por motos – entendia de motor: aerodinâmica, kits de potência, kits de barulho, kits de babaquice, tudo. Outros ficavam sentados acessando a Internet, vendo noticiários ou preços de eletrodomésticos e eletrônicos no Mercado Livre, dando atenção somente quando um cliente solicitava alguma informação, em geral, o preço e condições de pagamento. Não é difícil adivinhar quem vendeu mais motos.
                No caso do meu amigo, se eu fosse gerente ou proprietário da concessionária iria investigar quem é o Luciano – o irmão dele trabalha na concessionária, então isso seria fácil. Ele é daqueles caras que faz amizade com muita brincadeira. Alegre e falador. Uma pessoa acessível e conhecido nos meios motociclísticos.
                Se ele saísse da loja com a R1, em ½ hora, todos que o conhecem com certeza saberia que ele comprou a esportiva da Yamaha (ele passaria por WhatsApp as fotos do novo brinquedo). Uma moto que estava na vitrine da concessionária passaria a ser um out-door ambulante. Pra todos lugares que ele fosse, durante 1 hora a assunto seria como é a R1, como faz curva, como corre, como é potente, como é melhor que as outras esportivas.
                 Na loja, acho que nenhum dos vendedores pilotou uma R1. Só sabem o preço e as condições de pagamento. Se eu fosse o gerente ou proprietário da loja, veria no meu amigo Luciano um garoto propaganda em potencial. Aposto que vendendo aquela R1 com uma margem de lucro menor do que esperado, venderia mais 3 ou 4 em pouco mais de um mês e reporia o lucro da venda da primeira R1, enquanto isso ela está na vitrine a 3 semanas sem nenhum comprador querendo se arriscar a desembolsar 65.000 reais por ela.
                Eu apareci na cidade com uma Z750. Era uma das 05 motos compras em outra cidade já que aqui não tem concessionária da marca e hoje são mais de 30 circulando em pouco mais de um ano. Imagine se tivesse concessionária aqui.
                Vender motocicletas de 600cc ou superior não é como vender um fogão ou geladeira. Na verdade, quem compra não está comprando um meio de transporte. Está comprando sonhos e quando o sonho cabe no orçamento, ele não pensa duas vezes: vai e compra. Então, é preciso alimentar os sonhos destas “crianças”. Abrir uma concessionaria de motos de grande cilindrada é um passo importante na vida de qualquer empresário, cujo primeiro objetivo é lucrar com o negócio, mas se colocar um diferencial, tipo “a loja é um realizador de sonhos” poderá dominar o mercado com uma marca já que as outras concessionárias mantém a mesma filosofia de ser apenas um repassador de uma “bicicleta com um motor de mais de 150 cv”.