O QUE VENDE MAIS? MOTO NA VITRINE OU NA RUA?
Como não tenho
muita coisa para contar sobre minha moto, resolvi escrever este texto por causa
de um amigo que tem uma Fireblade 2011 e queria trocar por um Yamaha R1 2014.
Recentemente
abriu na cidade (São Luís-MA) uma nova concessionária de motos Yamaha, a
segunda, que trouxe como diferencial as motos de alto desempenho juntos com as
motos populares (125 a 600cc).
Na inauguração
foi uma festa. Enfileiraram R1, Tenerè 1200, V-Max e as conhecidas XJ6 (N e F)
e XT 660. Vi meu amigo Luciano namorando a R1. Sabe? Aquele olhar de
apaixonado, de quem tem olhado muitas imagens na Internet e vídeos no
Youtube...
![]() |
Yamaha YZF-R1 - Motor crossplane, 182 cv@12.500 rpm, 11,8 kgf.m@10.000 rpm |
Ele foi a loja
três semanas depois e quis fazer negócio com a sua Fireblade. Ofereceram 35.000
reis quando na tabela FIPE custa 45.000 reais. Ele aceitaria 40.000 reais pois
sempre tem a faixa de lucro do vendedor de moto usada. Ele tentou negociar e a
concessionária foi irredutível.
![]() |
Honda CBr 1000 RR Fireblade: Motor flat, 178,1 cv@12.000 rpm, 11,4 kgf.m@8.500 rpm |
Quando liguei
pra ele para pegar o número do irmão que trabalha na mesma concessionária, ele desfiou o
rosário. Então me veio a seguinte questão: o que vende mais? Uma moto na
vitrine de uma concessionária ou na rua, na mão de um aficcionado?
Recentemente,
uma concessionaria de outra cidade veio para vender motos aqui em São Luís e
colocaram para vender vários vendedores. Apenas um deles era aficcionado por
motos – entendia de motor: aerodinâmica, kits de potência, kits de barulho,
kits de babaquice, tudo. Outros ficavam sentados acessando a Internet, vendo
noticiários ou preços de eletrodomésticos e eletrônicos no Mercado Livre, dando
atenção somente quando um cliente solicitava alguma informação, em geral, o
preço e condições de pagamento. Não é difícil adivinhar quem vendeu mais motos.
No
caso do meu amigo, se eu fosse gerente ou proprietário da concessionária iria
investigar quem é o Luciano – o irmão dele trabalha na concessionária, então
isso seria fácil. Ele é daqueles caras que faz amizade com muita brincadeira.
Alegre e falador. Uma pessoa acessível e conhecido nos meios motociclísticos.
Se
ele saísse da loja com a R1, em ½ hora, todos que o conhecem com certeza
saberia que ele comprou a esportiva da Yamaha (ele passaria por WhatsApp as
fotos do novo brinquedo). Uma moto que estava na vitrine da concessionária
passaria a ser um out-door ambulante. Pra todos lugares que ele fosse, durante
1 hora a assunto seria como é a R1, como faz curva, como corre, como é potente,
como é melhor que as outras esportivas.
Na loja, acho que nenhum dos vendedores
pilotou uma R1. Só sabem o preço e as condições de pagamento. Se eu fosse o
gerente ou proprietário da loja, veria no meu amigo Luciano um garoto
propaganda em potencial. Aposto que vendendo aquela R1 com uma margem de lucro
menor do que esperado, venderia mais 3 ou 4 em pouco mais de um mês e reporia o
lucro da venda da primeira R1, enquanto isso ela está na vitrine a 3 semanas
sem nenhum comprador querendo se arriscar a desembolsar 65.000 reais por ela.
Eu
apareci na cidade com uma Z750. Era uma das 05 motos compras em outra cidade já
que aqui não tem concessionária da marca e hoje são mais de 30 circulando em
pouco mais de um ano. Imagine se tivesse concessionária aqui.
Vender
motocicletas de 600cc ou superior não é como vender um fogão ou geladeira. Na
verdade, quem compra não está comprando um meio de transporte. Está comprando
sonhos e quando o sonho cabe no orçamento, ele não pensa duas vezes: vai e
compra. Então, é preciso alimentar os sonhos destas “crianças”. Abrir uma
concessionaria de motos de grande cilindrada é um passo importante na vida de
qualquer empresário, cujo primeiro objetivo é lucrar com o negócio, mas se
colocar um diferencial, tipo “a loja é um realizador de sonhos” poderá dominar
o mercado com uma marca já que as outras concessionárias mantém a mesma
filosofia de ser apenas um repassador de uma “bicicleta com um motor de mais de
150 cv”.
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