sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O QUE VENDE MAIS? MOTO NA VITRINE OU NA RUA?

Como não tenho muita coisa para contar sobre minha moto, resolvi escrever este texto por causa de um amigo que tem uma Fireblade 2011 e queria trocar por um Yamaha R1 2014.
Recentemente abriu na cidade (São Luís-MA) uma nova concessionária de motos Yamaha, a segunda, que trouxe como diferencial as motos de alto desempenho juntos com as motos populares (125 a 600cc).
Na inauguração foi uma festa. Enfileiraram R1, Tenerè 1200, V-Max e as conhecidas XJ6 (N e F) e XT 660. Vi meu amigo Luciano namorando a R1. Sabe? Aquele olhar de apaixonado, de quem tem olhado muitas imagens na Internet e vídeos no Youtube...

Yamaha YZF-R1 - Motor crossplane, 182 cv@12.500 rpm, 11,8 kgf.m@10.000 rpm

Ele foi a loja três semanas depois e quis fazer negócio com a sua Fireblade. Ofereceram 35.000 reis quando na tabela FIPE custa 45.000 reais. Ele aceitaria 40.000 reais pois sempre tem a faixa de lucro do vendedor de moto usada. Ele tentou negociar e a concessionária foi irredutível.

Honda CBr 1000 RR Fireblade: Motor flat, 178,1 cv@12.000 rpm, 11,4 kgf.m@8.500 rpm

Quando liguei pra ele para pegar o número do irmão que trabalha na mesma concessionária, ele desfiou o rosário. Então me veio a seguinte questão: o que vende mais? Uma moto na vitrine de uma concessionária ou na rua, na mão de um aficcionado?
                Recentemente, uma concessionaria de outra cidade veio para vender motos aqui em São Luís e colocaram para vender vários vendedores. Apenas um deles era aficcionado por motos – entendia de motor: aerodinâmica, kits de potência, kits de barulho, kits de babaquice, tudo. Outros ficavam sentados acessando a Internet, vendo noticiários ou preços de eletrodomésticos e eletrônicos no Mercado Livre, dando atenção somente quando um cliente solicitava alguma informação, em geral, o preço e condições de pagamento. Não é difícil adivinhar quem vendeu mais motos.
                No caso do meu amigo, se eu fosse gerente ou proprietário da concessionária iria investigar quem é o Luciano – o irmão dele trabalha na concessionária, então isso seria fácil. Ele é daqueles caras que faz amizade com muita brincadeira. Alegre e falador. Uma pessoa acessível e conhecido nos meios motociclísticos.
                Se ele saísse da loja com a R1, em ½ hora, todos que o conhecem com certeza saberia que ele comprou a esportiva da Yamaha (ele passaria por WhatsApp as fotos do novo brinquedo). Uma moto que estava na vitrine da concessionária passaria a ser um out-door ambulante. Pra todos lugares que ele fosse, durante 1 hora a assunto seria como é a R1, como faz curva, como corre, como é potente, como é melhor que as outras esportivas.
                 Na loja, acho que nenhum dos vendedores pilotou uma R1. Só sabem o preço e as condições de pagamento. Se eu fosse o gerente ou proprietário da loja, veria no meu amigo Luciano um garoto propaganda em potencial. Aposto que vendendo aquela R1 com uma margem de lucro menor do que esperado, venderia mais 3 ou 4 em pouco mais de um mês e reporia o lucro da venda da primeira R1, enquanto isso ela está na vitrine a 3 semanas sem nenhum comprador querendo se arriscar a desembolsar 65.000 reais por ela.
                Eu apareci na cidade com uma Z750. Era uma das 05 motos compras em outra cidade já que aqui não tem concessionária da marca e hoje são mais de 30 circulando em pouco mais de um ano. Imagine se tivesse concessionária aqui.
                Vender motocicletas de 600cc ou superior não é como vender um fogão ou geladeira. Na verdade, quem compra não está comprando um meio de transporte. Está comprando sonhos e quando o sonho cabe no orçamento, ele não pensa duas vezes: vai e compra. Então, é preciso alimentar os sonhos destas “crianças”. Abrir uma concessionaria de motos de grande cilindrada é um passo importante na vida de qualquer empresário, cujo primeiro objetivo é lucrar com o negócio, mas se colocar um diferencial, tipo “a loja é um realizador de sonhos” poderá dominar o mercado com uma marca já que as outras concessionárias mantém a mesma filosofia de ser apenas um repassador de uma “bicicleta com um motor de mais de 150 cv”.

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